
O título do texto é muito pertinente, sem dúvida. Não há como negar que administrar uma escola não é tarefa fácil. É desafiadora. Envolve muitos interesses e mexe com a vida de muita gente, direta ou indiretamente. O melhor caminho é o trabalho em equipe, mas ele não existe sem que haja um líder. O diretor de escola é a figura central do processo educacional dentro da escola que dirige. Deve ser alguém que se comunique com eficiência. Em muitas situações, a falta de comunicação entre direção e corpo docente é um dos mais graves problemas dentro de uma escola. Não se impõem regras de cima para baixo, discute-se melhorias e decisões com os interessados no assunto para depois tomar-se decisões compartilhadas. Desde Caetés, onde fui estagiário, até hoje, a comunicação é falha, insatisfatória. Penso que as decisões coletivas, as opiniões de cada um a respeito de determinado assunto permitem uma tomada de decisão mais ampla, onde divide-se o prêmio do acerto e o ônus do erro entre todos. Querer negar a verdade de que os profissionais do magistério não recebem o reconhecimento a que fazem jus é impossível. Também não é só do diretor a responsabilidade pelo funcionamento decente de uma escola. Há muitas outras coisas em jogo aí. Muitas vezes há docentes que sabotam o trabalho dos colegas, do diretor e o seu próprio. Sempre achei que há professores e outros tipos de pedagogos que ganham mais do que merecem. Gente que não sabe apoiar boas ideias, jogam contra, fazem de tudo para que a escola fracasse. Também a política dentro da escola atrapalha e muito os resultados. A falta de mérito de muita gente se reflete na aprendizagem. Segundo a Nova Escola, são quatro os fatores que mais influenciam a aprendizagem (ou a falta dela!) dentro da escola:
-Indisciplina em sala;
-Distância da casa do aluno à escola;
-Falta de comprometimento dos pais com a aprendizagem dos filhos;
-Política dentro da escola.
O que se ver aqui em Rolim de Moura é um peso enorme desse último fator citado. A pasta da educação está contaminada pela politicagem rasteira e pueril visando favorecer grupos políticos que não estão interessados em educação, só em política. Aí, fica difícil para as direções de escola, mesmo aquelas isentas ou que se buscam neutras, fazerem um trabalho de destaque. Quando a prefeitura rifa as secretarias entre seus apoiadores e xeleléus, ela mina o trabalho de quem tem vontade, de quem tem interesse, de quem é competente. E o que se vê em Rolim de Moura é isso. A substituição do mérito pelo apadrinhamento em setores vitais como educação e saúde. Mesmo um bom diretor fica preso entre a sua vontade e a dependência política à qual está sujeito. Por mais que se esforce, não pode fazer muito, dada a enorme sujeição que o cargo lhe impõe. Assim, tornam-se pessoas sem voz, apenas abalizando ordens de cima, sem muito espaço para questionamentos ou objeções, gerando com isso insatisfação entre o grupo. Imaginem uma direção de escola indicada politicamente (a grande maioria é!) e que questione atitudes dos políticos e secretários. Com o passar do tempo, essa direção será vista de forma hostil, rebelde, já que foi posta lá para dizer ''sim, sim''. Acabará sendo despejada e terá revogada a sua custosa portaria. E isso apeia o trabalho de qualquer diretor. Daí chega-se à conclusão: a prefeitura nomeia direções para buscar apoio e obediência, não para buscar resultados, já que o espaço de atuação de uma direção, seguindo essa lógica fica restrito e comprometido. Desse jeito, forma-se uma nefasta hierarquia de poder que engessa a escola e atropela o mérito. Penso que direção de escola deveria ter liberdade para agir independente de ter de agradar aos políticos que as indicam. Também é visível que direção de escola deve compartilhar decisões com o grupo, não achar que resolve sozinha. Isso é bobagem! A comunicação, os encontros para se decidir as atitudes a serem tomadas deveriam existir e frequentemente. Os professores e demais funcionários devem ser ouvidos sempre, pois são eles que estão na linha de frente, no front de batalhas, literalmente. Em muitas escolas, as decisões são tomadas na surdina, sem o conhecimento dos mais afetados. E o sigilo é incompatível com algumas profissões. Principalmente essa em questão. Como dizia Mark Twain: "O Sol é o melhor desinfetante''.
No desenho acima, o diretor Seymour Skinner, caricatura dessa profissão em Os Simpsons.
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